OS INDECENTES





Eu detesto, com todas as forças do meu ser, comédias românticas e seus finais babacas: a gente sabe que na vida real a história quase nunca acaba bem. Também detesto entrevistas de famosos animadíssimos que não me acrescentam nada a não ser a incômoda sensação de que eu devo ser a única criatura infeliz na face da terra tentando viver com meus limites. Também detesto Orkuts e Facebooks com seu jorro ininterrupto de alegria tão sólida quanto um pântano sob a chuva. Também detesto revistas de fofocas e suas fotos retocadas e seus artistas que não fazem arte sempre recuperados de suas dores em quinze dias.
Se você também se sente incomodada por essa felicidade obrigatória, colorida e esfuziante, da qual, ao que parece, apenas nós não fomos convidadas, que tal ler algo que fale sem máscaras sobre a vida real? (Sim, aquela mesma vida que os artistas que não fazem arte, que os autores de auto-ajuda rastaquera, que os alegres e inteligentes do twitter se esforçam para ocultar que também vivem.) Então junte-se a mim no livro "Os Indecentes - crônicas de amor e sexo" (Editora Rocco) que reúne os 100 textos mais exagerados, irônicos, furiosos e, claro, indecentes desta escriba que vos fala.
Você já pensou, por exemplo, no que fazer com aquele homem que se tornou sua loucura de estimação? E o lado bom da rejeição romântica, você conhece? Já pensou no que faz com que uma mulher caia vítima de um golpista ou um abusador? E por que algumas ainda deixam a camisinha de lado? É possível apimentar a relação? O que você acha de um fora dado pelo MSN? E do sexo entre amigos? Os canalhas servem para alguma coisa? A homossexualidade não vivida pode levar à loucura? O que sente uma mulher que trai? Mulheres também podem ser machistas? Como agir quando seu querido te deixa de molho como uma roupa suja? O que um homem faz com você na cama ele fará fora dela também? Será que na vida tudo passa? Mas afinal de contas, o que há com os homens?
Nesta época em que a evasão de privacidade se mistura com o falso puritanismo, fico feliz por ser vista como uma escritora sem disfarces. Mas eu não sou corajosa por isso - apenas não tenho mais paciência para ser personagem de mim mesma. E por isso eu sei que quando o sofrimento é um arame farpado rasgando sua garganta você não quer ouvir que há bondade no mundo e que nem todo mundo é ruim (o que é óbvio): você só quer saber se não está sozinho no escuro e úmido poço da desilusão. E, no que concerne aos meus leitores, homens e mulheres, eu posso lhes garantir que não, vocês não estão sozinhos.



Por: Stella Florence

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